quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A menina tinha asas… Asas de fada, borboleta, sonhos… Tinha asas a menina ou sonhos que ela sonhava? Tinha sonhos ou asas a menina? Era mesmo uma menina com asas de borboleta e sonhos de mulher? Ou era mulher com sonhos de menina e asas de fada a sobrevoar a própria brisa da manhã que dela não conseguia fugir? Encaracolavam-se os cabelos por sobre a pele branca e a pergunta repetida e sussurrada em meu ouvido ainda não encontrava resposta… Tinha as costas tatuadas a menina… A mulher… Seriam dela somente as tatuagens que a pele pálida exibia? Ou teria também uma alma cicatrizada ou sangrando de outras tantas dores? Teria ela sofrido, chorado, vivido e tentado estampar na pele um pouco de otimismo? Teria ela escondido por debaixo dos cachos macios de seus cabelos em escuridão tão leve as asas de sua real natureza? Seria fada, princesa, plebéia? Seria mulher, menina, borboleta? Seria ela apenas uma visão, uma projeção, um sonho? É… Talvez, ela fosse um sonho… Um sonho como aqueles que ela tentava vislumbrar e nunca conseguia… Seria ela apenas mais uma rima desfeita de um poesia sem graça que perdeu a razão de existir quando amor acabou? Não sei. Sei apenas que ali, estática na fotografia, ela fazia todas as perguntas, mesmo oferecer respostas… E quando os fios negros do espartilho de cor igual deixavam entrever a estrutura curvilínea de sua espinha dorsal a comprometer meus pensamentos e palavras, eu só queria que este sonho fosse real e que ela surgisse de dentro do papel envelhecido para fazer voar minha imaginação e reparar os danos que o amor deixou nesse coração partido. Porque as fadas são mágicas, como as mil possibilidades que inventei nestas linhas.

(Darla Medeiros)

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