sábado, 18 de fevereiro de 2012

 

Você foi ficando mais perto da porta e mais longe do alcance das minhas mãos. Você foi saindo, com passos cada vez mais acelerados. Você foi ficando e partindo toda vez que eu dizia ‘bom dia!’… Prendeu os meus sonhos na caixa de guardados que não se abre mais… As gotas que você via escorrendo pelo meu rosto naquela noite de tempestade, não eram chuva, não, meu bem. Aquelas gotas eram salgadas como cada lágrima que o meu travesseiro escondeu, silencioso, enquanto você dormia de costas pra mim, enquanto eu velava teu sono… Pois é, agora, na soleira da porta, eu velo o teu caminho, sem conhecer tua estrada… Eu te estranho visto de costas a caminhar contornado por árvores secas. É, meu bem… Até as árvores secaram, mesmo sendo primavera. O jeans surrado, o tênis desbotado, o cadarço trocado, qualquer melodia nos fones, tudo isso é você… Eu respiro fundo mil vezes, recolho todos os cacos invisíveis do tempo em que eras meu, do tempo em que eras bem, do tempo em que eu te chamava de ‘meu bem’ e não sei ter pressa… Eu não sei. Não sei olhar de novo em outros olhos e não procurar os seus. Não sei tomar banho de chuva, sem lembrar de tuas palavras. Não há ilha se não te tenho oceano. Não existem entrelinhas, se não és tu quem escreve. Não existe tela mágica, se você não está nela. Para que portais se não tenho outro destino que me faça desejar cortinas, janelas, pimentas, poesias, sonhos e vidas que me façam chorar de alegria e desenhar rabiscos contorcidos toda vez que falo ao telefone? Pois é, não era um jogo, mas você sempre vence. Não importa quantas mentiras conte e nem quantas vezes precise ir embora.
                                   


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