sábado, 18 de fevereiro de 2012

Senta sobre as mãos… Brinca de amar em sorrisos… Brinca de amar… Comprime os lábios por vergonhas que não são suas… Sua a face rosada sem soar nenhum suspiro… Espera, doce menina… Não há mais peixes no teu mar azul… Não há mais mar, a água evaporou… Não há mais areia, o vento levou… Cadê as estrelas? Perderam-se no universo da palma da tua mão… Cadê a canção? Não tem mais acorde pras palavras que você inventou… Não tem mais palavras pra melodia confusa do teu jeito de amar sem freios e sem medidas… Rasgam-se as teias, as meias, as faces comprimidas pelo beijo de adeus que nunca veio… Tuas saias tão negras quanto os cabelos que se despejam em ondas sobre os rios de teus ombros pálidos… Cálidas feridas que a tua alma cicatriza, antes mesmo que elas perpassem tua pele, sendo nítidas a olho nu… Desenharam em teus braços os pesos que não querias carregar, tatuaram a tua alma tão forte que meus olhos desprevenidos e distantes conseguem vê-las e sentí-las, enquanto dor de menina… Fizeram de teus cabelos negros, ondas raiadas de dourado… Dourado do sol que sempre se esconde quando você abre a janela… Sabe o muro baixinho do meu jardim? Sabe o meu quintal de sonhos mal semeados? Sabe o meu portão branquinho? Sabe… Tudo isso espera você… Cada detalhe de minha casa pequenina espera que você se achegue de mansinho… Espera que você se sente sobre as mãos na mureta de tijolos maciços e cantarole aqueles mantras sem letra, aquela mistura de resmungos sem sentido que fazia as borboletas pousarem em meus jardins quase sem vida… Sabe… Você era a vida, antes de ser o amor… Sobrava-me o amor, mas eu o guardava só pra mim… Sabe… Você me ensinou a dividir, a somar, a multiplicar sentimentos, quando eu só sabia subtraí-los… Você me ensinou a escrever conjugações erradas e a pecar usando segunda e terceira pessoa do singular no mesmo texto… Me ensinou a detestar o improvável e realizar o impossível e se não estais, sou eu que me sento sobre as mãos, sou eu que me rasgo em feridas que ninguém pode ver… Sou eu que tenho roupas negras e que envergonho os raios de sol e os faço fugir de mim… Sabe… Você foi o meu princípio, mas não previu que chegasse a ser meu fim… Pois é… Você sempre soube, eu não sabia… Que tudo o que é pedaço de saudade é prenúncio de nostalgia…

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